Autor: André Luís Luengo – Doutor em Direito Constitucional e Delegado de Polícia
Resumo
O presente artigo analisa a importância da formação do Tecnólogo em Segurança Pública no contexto contemporâneo da sociedade brasileira. Destaca-se a relevância da metodologia científica como instrumento para buscar, analisar e interpretar dados aplicados à segurança pública, bem como sua contribuição para a formulação de políticas eficazes. O estudo aborda a formação multidisciplinar, a rápida inserção no mercado, a capacidade de gestão estratégica e a valorização social que esta carreira proporciona. O dinamismo da criminalidade, demonstra a necessidade de profissionais preparados para lidar com cenários complexos e em constante transformação. A pesquisa ressalta ainda a possibilidade de prosseguimento em cursos de pós-graduação, consolidando a segurança pública como campo científico. Conclui-se que o tecnólogo em Segurança Pública é agente fundamental para a integração entre teoria e prática, promovendo eficiência, cidadania e impacto social positivo.
Palavras-chave: Segurança Pública; Tecnólogo; Metodologia Científica; Políticas Públicas.
Introdução
O campo da Segurança Pública tem posição cada vez mais relevante na sociedade contemporânea, especialmente diante da complexidade dos fenômenos criminais, da diversidade das demandas sociais e da necessidade de políticas públicas eficazes para a preservação da ordem, da paz e da cidadania.
Nesse contexto, a carreira de Tecnólogo em Segurança Pública surge como uma alternativa inovadora e estratégica, capaz de formar profissionais de nível superior com capacitação sólida, crítica e aplicada, preparados para atuar tanto no setor público quanto no privado.
O curso tecnológico em Segurança Pública não se limita à formação operacional, mas oferece ao aluno um arcabouço multidisciplinar que transita pelo Direito, pela Administração, pela Sociologia, pela Psicologia e pelas Ciências Policiais, preparando-o para analisar cenários, gerir equipes, planejar operações e propor soluções modernas para velhos e novos desafios da segurança.
O objetivo deste artigo é analisar os principais pontos positivos da carreira de Tecnólogo em Segurança Pública, demonstrando sua contribuição para a construção de um sistema mais eficiente, integrado e cidadão.
Formação Multidisciplinar e Agilidade Acadêmica
Um dos primeiros aspectos positivos da carreira é a natureza multidisciplinar do curso.
O tecnólogo em Segurança Pública estuda disciplinas que abrangem matérias que abordam direta ou indiretamente Direito Penal e Processual Penal, Criminologia, Gestão de Pessoas, Políticas de Segurança, Inteligência Policial, Direitos Humanos e até mesmo tópicos relacionados à tecnologia aplicada à segurança, como sistemas de monitoramento e análise de dados.
Essa diversidade de conteúdos torna o profissional apto a compreender não apenas a aplicação da lei, mas também os fatores sociais, psicológicos e administrativos que permeiam os fenômenos criminais.
Além disso, os cursos tecnológicos possuem menor tempo de duração (geralmente de 2 a 3 anos), quando comparados a bacharelados tradicionais, permitindo uma inserção mais rápida no mercado de trabalho, sem prejuízo da qualidade da formação.
Inserção no Mercado de Trabalho
O tecnólogo em Segurança Pública encontra diversas possibilidades de atuação profissional.
No setor público, pode atuar em concursos para órgãos de segurança, em funções administrativas e técnicas, ou ainda como apoio as atividades policiais e judiciais.
No setor privado, há ampla demanda em empresas de segurança patrimonial, consultorias em prevenção de perdas, inteligência corporativa e gestão de riscos.
Outro ponto de destaque é a valorização crescente por parte de empresas privadas em contratar profissionais com formação acadêmica específica em segurança, pois tais espertises reúnem competências de análise, liderança e gestão de recursos que ultrapassam o modelo tradicional de segurança meramente operacional.
Contribuição para a Gestão Estratégica da Segurança
A carreira de tecnólogo rompe com a ideia de que a segurança pública é exclusivamente operacional.
O profissional formado nessa área é preparado para pensar estrategicamente, propondo políticas e programas de prevenção ao crime, avaliando resultados e sugerindo intervenções baseadas em evidências.
Essa característica é um diferencial importante, sobretudo em tempos em que o planejamento estratégico, a análise de dados e a eficiência administrativa são exigências constantes.
O tecnólogo atua como elo entre a execução operacional e a gestão administrativa, tornando-se peça-chave para o funcionamento eficaz de órgãos de segurança.
Aperfeiçoamento Contínuo e Possibilidade de Pós-Graduação
Outro ponto positivo é que o título de tecnólogo confere grau superior, possibilitando ao profissional prosseguir em cursos de pós-graduação lato sensu (especializações) e stricto sensu (mestrado e doutorado).
Isso abre horizontes para a docência, possibilitando a pesquisa científica e a consolidação da segurança pública como campo autônomo do saber.
Muitos egressos do curso têm seguido carreira acadêmica, contribuindo com pesquisas inovadoras sobre prevenção criminal, uso de tecnologia na segurança, gestão comunitária e policiamento orientado para resultados, o que reforça o caráter científico e profissional da área.
Valorização Social e Impacto Cidadão
O tecnólogo em Segurança Pública tem a oportunidade de ser um agente transformador, pois seu trabalho repercute diretamente na qualidade de vida da população.
Ao atuar em projetos de prevenção à violência, campanhas educativas, integração com a comunidade e uso racional de recursos de segurança, contribui para aproximar o Estado e as instituições de segurança da sociedade civil.
Essa valorização social confere ao profissional não apenas reconhecimento, mas também um sentimento de missão pública, o que fortalece sua identidade profissional.
Conclusão
A carreira de Tecnólogo em Segurança Pública representa uma resposta inovadora às necessidades contemporâneas da sociedade brasileira.
Entre seus principais pontos positivos destacam-se a formação multidisciplinar, a agilidade acadêmica, a ampla inserção no mercado de trabalho, a capacidade de atuação estratégica, a possibilidade de prosseguir na vida acadêmica e o impacto social positivo.
Trata-se de uma profissão que vai além da atuação operacional, consolidando-se como espaço de reflexão, planejamento e execução de políticas públicas e privadas de segurança.
Assim, o tecnólogo em Segurança Pública se apresenta como um profissional indispensável para enfrentar os desafios de uma sociedade cada vez mais complexa, que demanda soluções rápidas, inteligentes e integradas para a promoção da paz social. Com a possibilidade de atuar na iniciativa pública ou privada.
Bibliografia
BEATO, Cláudio. Crime e cidades. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018. Dispõe sobre a organização e funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública. Brasília: Presidência da República, 2018.
LUENGO, André Luís. A Polícia Civil de Garantias – Investigação Criminal Dromocrática. São Paulo: Mizuno, 2025.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (coord.). Missão prevenir e proteger: condições de vida, trabalho e saúde dos policiais militares do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2008.
______. Violência e saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.
MINGARDI, Guaracy (org.). Política de segurança: os desafios de uma reforma. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2013.
______. Tiras, gansos e trutas: segurança pública e polícia civil em São Paulo (1983-1990). Porto Alegre: Corag, 1992.
PASCHOAL, Jorge Coutinho. O prejuízo e as nulidades processuais penais. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2021.
SAPORI, Luís Flávio. Segurança pública no Brasil: desafios e perspectivas. Rio de Janeiro: FGV, 2019.
SOARES, Luiz Eduardo. Segurança tem saída. Rio de Janeiro: GMT, 2006.
TUCCI JUNIOR, Cláudio. Um novo olhar à política criminal e à gestão penitenciária. Editora: Appris, 2022.
ZAVERUCHA, Jorge; BARROS, Maria do Rosário (orgs.). Políticas de segurança pública: dimensão da formação e impactos sociais. Recife: Editora Universitária UFPE, 2002.
